Quase dois anos depois da Copa da África do Sul, cinco dos dez estádios construídos para a
competição são hoje mantidos integralmente graças ao dinheiro público, não
conseguem atrair eventos suficientes nem sequer para cobrir seus custos de
manutenção e já se calcula que, em alguns casos, custaria menos demoli-los do
que pagar por sua manutenção na próxima década.
Os dados foram coletados pelo sul-africano Eddie Cottle,
especialista que por meses estudou a situação dos estádios do país e, com dados
oficiais dos governos das províncias.
Segundo ele, entre 2003 e 2010, o orçamento
público previsto pelo governo para o Mundial aumentou em 1.709%, para um total
de US$ 4,8 bilhões (cerca de R$ 8,8 bilhões) apenas para as obras dos estádios
e infraestrutura. "Mas o que ninguém se deu conta é que, mesmo depois da
Copa terminada, os gastos continuaram'', declarou. Para ele, essa conta também
precisará ser feita no Brasil.
Na Cidade do Cabo, o Green Point exige a cada
ano US$ 5,6 milhões (R$ 10,2 milhões) da prefeitura para que possa ser mantido,
mesmo com a organização de jogos e shows no local. Tanto Durban quanto a Cidade
do Cabo já pediram ajuda ao governo federal para permitir que essas dívidas
sejam compartilhadas com a administração central do país.
Em Porto Elizabeth, o custo anual de
manutenção chega a US$ 8,1 milhões (R$ 14,8 milhões), arcado pelo poder
público. Para fazer frente às dívidas, o governo local anunciou no final de
2011 que estava reduzindo gastos de outras áreas em US$ 99 milhões (R$ 181,5 milhões).
O Peter Mokaba, em Polokwane, e o Mbombela,
em Nelspruit, são os outros elefantes brancos que a Copa deixou.
Os custos para manter as 5 arenas são tão
altos que estudos mostram que demoli-las seria mais econômico. "Só não
farão isso agora porque o custo político seria gigante. Mas, economicamente,
sabem que é o que faz sentido e acredito que, em alguns anos, vamos ver essa
proposta seriamente debatida'', declarou Cottle.
FONTE : http://www.estadao.com.br